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Alan Watts e o Zen – O Caminho Sem Caminho

Introdução


Se Alan Watts via o Taoismo como a arte de seguir o fluxo da vida, via o Zen como um raio que corta todas as explicações. Para ele, o Zen é o ápice da espiritualidade oriental porque não se apega a crenças, rituais ou teorias — aponta diretamente para o que está acontecendo agora. Ao fazer isso, desmonta o ego e revela o vazio como fonte de presença viva.


Zen: uma flor entregue em silêncio


Watts lembrava o famoso episódio em que Buda, diante de seus discípulos, não proferiu uma única palavra — apenas ergueu uma flor. Apenas um discípulo, Mahakashyapa, sorriu. Nesse gesto silencioso, nasceu o Zen. A compreensão não é verbal, mas direta; não surge da análise, mas da intuição que brota da presença pura.


O Zen como arte da não-dualidade


O Zen não quer que você se ilumine no futuro. Ele pergunta: “Onde você está agora?”. Não separa o sagrado do cotidiano, o mestre do discípulo, o corpo da mente. Para Watts, isso era revolucionário: uma espiritualidade sem céu ou inferno, sem recompensa, sem ideal — apenas viver tal como é.


O koan: o caminho do paradoxo


Watts era fascinado pelos koans — perguntas paradoxais como: “Qual é o som de uma única mão batendo palmas?” ou “Se encontrar o Buda, mate-o!”. Esses enigmas não têm resposta racional. São bombas plantadas no campo mental para destruir o pensamento linear e abrir um espaço de não-saber. Quando a mente se rende, surge o que o Zen chama de satori — uma visão direta da realidade sem intermediários.


O riso Zen e a leveza do ser


Watts costumava dizer que o verdadeiro mestre Zen ri com facilidade. O riso no Zen é o som da libertação — libertação das pretensões espirituais, das identidades fixas, da seriedade do ego. A iluminação, para o Zen, não é se tornar algo diferente, mas simplesmente não resistir ao que já somos. E isso, para Watts, é profundamente libertador.


Zazen – A prática do não-fazer


Zazen, a meditação Zen, não tem objetivo. Watts dizia: “É sentar-se simplesmente para sentar-se”. Não para alcançar paz, nem para controlar a mente. Mas para estar com o que é — com o ruído, com o vazio, com o corpo respirando.


Zen como gesto estético


Para Watts, o Zen também é uma estética da existência. Um modo de viver simples, direto, leve. A cerimônia do chá, o arranjo floral, o movimento da caligrafia — tudo expressa a presença. O Zen não separa arte e vida.


Conclusão: o Zen como experiência, não doutrina


Watts não quis “ensinar” o Zen. Quis provocar o colapso do ego em seus ouvintes, rir das pretensões espirituais e abrir espaço para o que está aqui — neste instante.

O Zen, em sua visão, não oferece um sistema, mas uma abertura: uma fenda no pensamento onde a vida pode simplesmente ser vivida.

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