A Convulsão Orgástica em Wilhelm Reich
- Luis Blanco
- 8 de abr.
- 2 min de leitura
A "convulsão orgástica" em Wilhelm Reich é um conceito central e profundamente ligado à sua noção de potência orgástica. Trata-se de uma descarga rítmica, involuntária e total da energia acumulada no corpo durante o processo de excitação sexual, mas que, em um sentido mais amplo, expressa a capacidade de entrega total do organismo ao fluxo da vida.
Reich observou que, quando um organismo está livre da couraça muscular e psíquica, ele pode seguir o ciclo natural da pulsação: tensão – carga – descarga – relaxamento. A convulsão orgástica ocorre no ponto máximo desse ciclo, como uma espécie de espasmo involuntário e prazeroso, onde o corpo inteiro treme, vibra e libera suas tensões profundas.

Ela não é um movimento voluntário ou controlado — ao contrário, é a expressão espontânea do sistema nervoso autônomo liberado, uma dança visceral do corpo que se entrega ao prazer sem medo. Para Reich, essa descarga completa e não reprimida é sinal de saúde bioenergética, e sua ausência está na base de muitas neuroses e distúrbios psíquicos.
Características da convulsão orgástica:
Involuntária: não pode ser produzida conscientemente.
Total: envolve todo o corpo, especialmente a pelve, abdômen e diafragma.
Rítmica: Reich descrevia um padrão ondulatório, como uma “onda” que atravessa o corpo.
Prazerosa e dissolvente: produz sensação de “derretimento”, entrega, perda da rigidez do ego.
Indicadora de vitalidade: seu bloqueio indicava, para Reich, uma rigidez do sistema vegetativo.
Em seus últimos escritos, Reich fala da convulsão orgástica como uma resposta cósmica do organismo ao campo energético vital (orgonótico). Ela marca o momento em que o organismo entra em sintonia profunda com o universo, não mais separado ou dissociado, mas como uma partícula vibrando em ressonância com o todo.
Na prática clínica, a convulsão orgástica não deve ser buscada como um objetivo ou performance. Em vez disso, ela é a consequência natural de um processo de abertura, dissolução das defesas e reeducação da respiração e do fluxo energético. Por isso, na Integração Organísmica, o foco está menos na descarga e mais na capacidade de entrega ao fluxo e à ressonância viva do corpo.
Comments